sábado, 26 de fevereiro de 2011

Mais uma vez estou de volta!!!

Boa tarde à todos! Como sabem, esse meu blog é bem pessoal e ao mesmo tempo público, afinal, não teria necessidade de ficar escrevendo um montão de coisas sem que não houvesse ninguém que as lessem. Portanto, falo de minha vida. Todo mundo tem curiosidade de saber como vive um seminarista, claro, não são todos que vivem como eu, mas aqui está uma amostra de como vivo e o que faço durante os meus dias de vida! Pois bem, sejam bem vidos ao meu dia 26/02/2011!!!
Hoje acordei muito cedo, era por volta das 05:30 com o bendito cachorro latindo com o gato. Nossa, me deu muita raiva e eu por três vezes fui espantá-lo pela janela do meu quarto, mas as tentativas foram em vão. Na última vez, amassei uma folha de papel e joguei nele, ele tomou um baita de um susto e saiu correndo... pensou em voltar, mas teve medo e parou de latir. Foi quando consegui voltar a dormir. Eu estava exausto, fui dormir muito tarde pois chegamos 00:30 dos votos perpétuos dos irmãos Adaílton e Leandro em Taubaté. E por falar em Votos, foi muito bom a noite de ontem, bem divertido! A missa foi soleníssima, eu fiquei responsável para redigir a ata, que foi um sucesso, graças a Deus! Conversei bastante com os paroquianos de lá, principalmente com a Aneleide, tiramos fotos e participamos do coquetel. Dormi bastante e acho que por ter acordado várias vezes pela madrugada, acabei perdendo a hora da oração. Depois fui tomar café sozinho, Pe. Erculino (assistente do seminário) chegou depois e me fez companhia. Pela manhã ainda lavei umas peças, arrumei metade do quarto e fui acessar a net. Agora, depois do almoço, voltei aqui para escrever um pouquinho no meu blog e fazer minha reflexão.
Essa mensagem que colocarei agora é um poema de Clarice Lispector. Há muitos anos atrás a Ana Maria Braga recitou como mensagem inicial no seu programa e eu gostei muito, espero que vocês gostem e possam partilhar comigo o coração de vocês!!!

Rifa-se um coração (Quase novo)
Clarice Lispector
Rifa-se um coração quase novo.

Um coração idealista.
Um coração como poucos.
Um coração à moda antiga.
Um coração moleque que insiste em pregar peças no seu usuário.
Rifa-se um coração que na realidade
está um pouco usado, meio calejado, muito machucado
e que teima em alimentar sonhos, e cultivar ilusões.
Um pouco inconseqüente
que nunca desiste de acreditar nas pessoas.
Um leviano e precipitado,
coração que acha que Tim Maia estava certo
quando escreveu... "não quero dinheiro,
eu quero amor sincero, é isso que eu espero...".
Um idealista...
Um verdadeiro sonhador...
Rifa-se um coração que nunca aprende.
Que não endurece,
e mantém sempre viva a esperança de ser feliz,
sendo simples e natural.
Um coração insensato que comanda o racional
sendo louco o suficiente para se apaixonar.
Um furioso suicida que vive procurando relações
e emoções verdadeiras.
Rifa-se um coração que insiste
em cometer sempre os mesmos erros.
Esse coração que erra, briga, se expõe.
Perde o juízo por completo em nome de causas e paixões.
Sai do sério e, às vezes revê suas posições
arrependido de palavras e gestos.
Este coração tantas vezes incompreendido.
Tantas vezes provocado. Tantas vezes impulsivo.
Rifa-se este desequilibrado emocional que,
abre sorrisos tão largos que quase dá pra engolir as orelhas,
mas que também arranca lágrimas e faz murchar o rosto.
Um coração para ser alugado,
ou mesmo utilizado por quem gosta de emoções fortes.
Um órgão abestado
indicado apenas para quem quer viver intensamente e,
contra indicado para os que apenas pretendem passar pela vida
matando o tempo, defendendo-se das emoções.
Rifa-se um coração tão inocente
que se mostra sem armaduras e deixa louco o seu usuário.
Um coração que quando parar de bater
ouvirá o seu usuário dizer para São Pedro na hora da prestação de contas:
" O Senhor poder conferir", eu fiz tudo certo,
só errei quando coloquei sentimento.
Só fiz bobagens e me dei mal
quando ouvi este louco coração de criança
que insiste em não endurecer e, se recusa a envelhecer".
Rifa-se um coração, ou mesmo troca-se por outro
que tenha um pouco mais de juízo.
Um órgão mais fiel ao seu usuário.
Um amigo do peito que não maltrate tanto o ser que o abriga.
Um coração que não seja tão inconseqüente.
Rifa-se um coração cego, surdo e mudo,
mas que incomoda um bocado.
Um verdadeiro caçador de aventuras que,
ainda não foi adotado, provavelmente,
por se recusar a cultivar ares selvagens ou racionais,
por não querer perder o estilo.
Oferece-se um coração vadio, sem raça, sem pedigree.
Um simples coração humano.
Um impulsivo membro de comportamento até meio ultrapassado.
Um modelo cheio de defeitos que,
mesmo estando fora do mercado,
faz questão de não se modernizar, mas vez por outra,
constrange o corpo que o domina.
Um velho coração que convence seu usuário
a publicar seus segredos e, a ter a petulância
de se aventurar como poeta.

Uma ótima semana pra vocês e um beijo no coração!